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Qual a sua temperatura espiritual?
IPB Alvorada 07/03/10.
Tema: Espiritualidade
Título: “Qual a sua temperatura espiritual?”
“Apocalipse 3:14-22”
Introdução:
A cidade de Laodicéia foi fundada em 250 a.C, por Antíoco da Síria. A cidade era importante pela sua localização. Ficava no meio das grandes rotas comerciais. Era uma cidade rica e opulenta. Destacava-se das demais por algumas características que veremos durante a mensagem e que influenciaram profundamente no conteúdo da carta. A primeira característica é tem a ver com a tônica central do texto que é com respeito à temperatura das suas águas:
Laodicéia fazia parte de um centro de águas termais: A região era formada por três cidades: Colossos, Hierápolis e Laodicéia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias (matava a sede e tinha ótima qualidade); e em Hierápolis havia fonte de água quente (com propriedades terapêuticas), que em seu curso sobre o planalto tornava-se morna, e nesta condição fluía dos rochedos fronteiros a Laodicéia. Tanto as águas quentes de Hierápolis, como as águas frias de Colossos eram terapêuticas, mas as águas mornas de Laodicéia eram intragáveis.
A igreja de Laodicéia é o retrato da igreja popular, satisfeita com a sua prosperidade, orgulhosa de seus membros ricos. A religião deles era apenas uma simulação. A igreja tinha a cara da cidade. Em vez de transformar a cidade, ela tinha se conformado à cidade. Laodicéia era a cidade da transigência e a igreja tornou-se também uma igreja transigente. Os crentes eram frouxos, sem entusiasmo, débeis de caráter, sempre prontos a comprometerem-se com o mundo, descuidados. Eles pensavam que todos eles eram pessoas boas. Eles estavam satisfeitos com sua vida espiritual.
De todas as cartas às igrejas da Ásia, esta é a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio à igreja de Laodicéia. A única coisa boa em Laodicéia era a opinião da igreja sobre si mesma e, ainda assim, completamente falsa. A Igreja havia perdido o seu sentido máximo que era glorificar a Deus. Ela estava ensimesmada, orgulhosa, arrogante e impotente...
Transição: Assim, Jesus acusa duramente a Igreja de Laodicéia pela sua mornidão espiritual. Diz o Senhor no final do versos 15-17: “15- Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! 16- Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 17- pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”
É importante ressaltar aqui que Jesus não está dizendo para os crentes se tornarem, nem ateus inveterados e ímpios, nem crentes super espirituais no sentido de serem “do fogo”. A temperatura tem a ver com a utilidade. As águas frias são águas potáveis e boas para se matar a sede; e as águas quentes são águas medicinais que tem propriedades terapêuticas. A água morna só servia para causar náuseas, pois nem matava a sede e nem tirava as dores. Jesus faz a acusação de mornidão e inutilidade, e, para cada acusação também é apresentada uma solução em forma de conselho. É isso que veremos a seguir. Os sintomas da mornidão espiritual que devemos debelar de nossas vidas e os conselhos que Jesus nos dá para nos tornarmos úteis ao Reino.
Laodicéia era uma Igreja que se orgulhava da sua riqueza e independência.
Historiadores nos dizem que a cidade de Laodicéia era um importante centro bancário e financeiro: Era uma das cidades mais ricas do mundo. Lugar de muitos milionários. Conta-se que em 61 d.C, a cidade foi devastada por um terremoto e reconstruída sem aceitar ajuda do imperador.
Os habitantes eram jactanciosos de sua riqueza. A cidade era tão rica que não sentia necessidade de nada, nem de Deus. Como vimos, a Igreja era um retrato da cidade. A Igreja havia tomado a forma mundana do seu contexto e por isso era morna.
Crentes mornos são pessoas que acham que não precisam de nada nem de ninguém. Que são auto-suficientes e tem nível espiritual para julgar a espiritualidade de outros. Jesus usou exatamente a riqueza da Cidade e da Igreja para mostrar que eles eram miseravelmente pobres.
Jesus está a ponto de vomitar de sua boca esse tipo de Igreja e de pessoa. A sua arrogância, que os impede de aproximarem-se de Deus, causam náuseas assim como as águas mornas de Laodicéia.
Pra esse tipo de Igreja Jesus aconselha que compre ouro refinado nos céus, “juntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam.” (Mt.6:20)
Outra característica marcante da cidade de Laodicéia é que ela era um centro de indústria de tecidos: Em Laodicéia produzia-se uma lã especial famosa no mundo inteiro. Alguns comentaristas dizem que era uma lã de cor escura. A cidade estava orgulhosa da roupa que produzia.
A Igreja de Laodicéia também orgulhava-se da sua vestimenta, talvez da opulência do seu templo, dos carros no estacionamento, da suposta prosperidade que demonstravam ter. Uma das coisas que a roupa proporciona às pessoas é a segurança. Sem roupas nos sentimos profundamente vulneráveis. É por isso que os guerreiros têm roupas especiais para o combate.
Jesus está a ponto de vomitar de sua boca esse tipo de Igreja e de pessoa. O seu orgulho por achar-se completamente imbatível e inatingível faz com que se esqueça da sua dependência de Deus. Isso causa náuseas assim como as águas mornas de Laodicéia.
Pra esse tipo de Igreja Jesus aconselha que compre vestiduras brancas que escondam a nudez do pecado. Observemos o que está escrito em Apocalipse 7:13-17: “13- Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram? 14- Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro, 15- razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo. 16- Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, nem ardor algum, 17- pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.”
3o) Os mornos espirituais têm uma visão distorcida acerca de si mesmos:
Outra questão que influenciou profundamente o estado espiritual da Igreja e da cidade era forma como ela se enxergava. Os irmãos de Laodicéia se viam como pessoas privilegiadas, pessoas profundamente amadas e agraciadas por Deus, não pela salvação em si, mas principalmente pelas coisas que conseguiram ajuntar.
A cidade de Laodicéia era um centro médico de grande importância em toda a sua região. Ali havia uma escola de medicina famosíssima onde fabricava-se dois ungüentos quase milagrosos para os ouvidos e os olhos. Nesta região extraía-se o pó “frígio” que era utilizado para fabricar um colírio que era o remédio mais importante da cidade.
É profundamente interessante o fato de o Senhor usar os maiores motivos de orgulho da cidade para mostrar-lhes sua inadequação. Uma Igreja que estava cravada num centro de tratamento de visão, mas que mesmo assim era irremediavelmente cega acerca de si mesma.
Jesus está a ponto de vomitar de sua boca esse tipo de Igreja e de pessoa. A sua falta de visão com respeito ao seus pecados causam náuseas assim como as águas mornas de Laodicéia.
Jesus os aconselha a pingar os colírios milagrosos da cidade nos seus próprios olhos para que vejam. Assim como a oração do Apóstolo Paulo pelos irmãos efésios: “... iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos...” (Ef.1:18)
Conclusão:
Amados, Jesus não quer que sejamos crentes mornos. Pessoas que tem uma visão distorcida acerca de si mesmas. A vontade do Senhor é que cumpramos o nosso papel como Igreja. Quando ele fala. Vemos que toda essa dura exortação de Jesus para a Igreja de Laodicéia é motivado pelo seu amor e pelo seu desejo de restauração, conforme nos afirma o verso 19: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”
Jesus quer a restauração da comunhão com os seus filhos: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (V.20)
Em Cristo Jesus. A quem seja toda a Glória, Honra e Louvor por toda a eternidade. Amém.
Rev. Alessandro Capelari.
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